Se você ainda não sabe, fique ligada: passar a alface e água pode render efeitos colaterais perigosíssimos, da depressão à obsessão. Quem adverte é o psiquiatra Táki Cordás, coordenador do Ambulin, Ambulatório de Transtornos Alimentares do Hospital das Clínicas. Ele explica que uma alimentação esquálida reduz a produção dos neurotransmissores reguladores do humor, do sono e do apetite, como a noradrenalina e seretonina, afetando severamente o sistema nervoso. Reduzir drasticamente o cardápio também abre caminho à bulimia e à anorexia, transtornos alimentares que distorcem a auto-imagem, fazendo com que a pessoa se veja sempre gorda. No caso da anorexia, a vítima está abaixo do peso, mas se acha gorda. Enquanto algumas trancam a boca e malham horas, outras usam laxantes, diuréticos e forçam o vômito. Já na bulimia, a rotina é comer quase nada, mas, de repente, sobrevem uma crise compulsiva e devora-se a despensa inteira. “A pessoa pode comer de 5 a 15 mil calorias numa sentada. Daí, entra num processo de culpa e pára completamente de se alimentar”, diz Cordas. Para se livrar das temidas calorias, a bulímica se acaba na esteira, toma laxantes, diuréticos, café em excesso, apela até para a cocaína e força o vômito. “Mas, o que ela consegue perder vomitando é sempre muito menos do que ganhou nos momentos de compulsão”, adverte o médico. O pior é que o hábito de vomitar pode até levar à morte: tem gente que força tanto que acaba rompendo alguma artéria ou veia, com risco de hemorragia”.